Inflação: definição, explicação e exemplos

Inflação: definição, explicação e exemplos

2023-08-21 • Atualizado

A imprensa inteira fala em inflação. Artigos sobre economia dão alertas histéricos sobre o assunto. As pessoas estão cada vez mais perdidas em meio a tanta informação publicada. Os traders do mercado Forex estão sempre de olho nesse indicador econômico.

Este artigo vai te ajudar a entender o básico sobre inflação e tudo que tem a ver com esse assunto.

O que é inflação?

A inflação é um dos fatores determinantes para o câmbio. Seu peso é considerável mesmo em comparação com outros fatores importantes.

Resumidamente, inflação é o aumento geral e gradual nos preços de bens e serviços. Quando os preços sobem, diminui a quantidade de coisas que uma pessoa consegue comprar com determinada quantia em dinheiro. Exemplo: ontem você tinha 5 dólares e conseguia comprar cinco chocolates. Hoje, com esses mesmos 5 dólares, você só consegue comprar três chocolates. É um exemplo de inflação alta.

Tipos de inflação

Nem toda inflação significa catástrofe. Existem graus mais fracos e mais fortes.

Inflação baixa

Inflação baixa (ou rastejante) significa que os preços têm alta anual de 3% ou menos. O Federal Reserve (Fed) considera que é bom para o crescimento econômico quando os preços sobem 2% ou menos. Esse é o caminho para a expansão econômica orgânica. É por isso que a meta de inflação do Fed é de 2%.

Inflação alta

É um tipo forte ou destrutivo de inflação que costuma variar de 3% a 10%. As pessoas começam a comprar mais que o necessário para hoje, tentando evitar os preços mais altos de amanhã. Isso aumenta a demanda em um ritmo que fornecedores e salários não conseguem acompanhar, chegando a um ponto em que bens e serviços comuns ficam caros demais para a maioria das pessoas.

Inflação galopante

Quando a inflação passa dos 10%, a economia do país começa a sofrer. Investidores estrangeiros passam a evitar o país, privando-o de capitais que são necessários. A economia fica instável e a credibilidade do governo é perdida. A inflação galopante deve ser evitada a todo custo, pois ela é capaz de precipitar uma depressão econômica.

A inflação galopante é um fenômeno mais comum que a hiperinflação e às vezes aparece mesmo nos países mais desenvolvidos economicamente. Exemplo: a inflação galopante foi observada nos anos pós-guerra (1945–1952), bem como nos anos 70, por causa do aumento dos preços do petróleo aplicado pela OPEP.

Houve nos anos 2000 uma queda considerável no número de países com inflação galopante. O caso mais notável foi em Angola, nos anos 2004 e 2005, quando a taxa chegou a 23%.

Hiperinflação

A hiperinflação acontece quando os preços registram aumentos superiores a 50% por mês. É um cenário muito raro. Aliás, a maioria dos exemplos foi observada em momentos nos quais governos emitiram dinheiro para custear guerras. Alguns exemplos de hiperinflação: Alemanha, na década de 1920; Zimbábue, nos anos 2000; e Venenzuela, nos anos 2010 (o Brasil dos anos 80 e 90 também é um exemplo). Nos Estados Unidos, a hiperinflação aconteceu na época da Guerra Civil (meados do século XIX).

Deflação x desinflação

Deflação é uma queda geral nos preços de bens e serviços. É o contrário da inflação, pois na deflação os preços caem. A deflação leva ao aumento do poder de compra da moeda em questão: com o mesmo dinheiro, porém com os preços em queda, o seu dólar começa a comprar mais coisas que antes. O exemplo mais óbvio de deflação foi a Grande Depressão, nos EUA.

A deflação é consideravelmente danosa ao PIB, pois com ela as pessoas evitam comprar as coisas e ficam esperando os preços caírem. É por isso que os bancos centrais buscam evitar não só a inflação, mas também a deflação.

Esse conceito é diferente de desinflação, que é uma mera desaceleração — em patamares notáveis — da inflação no produto interno bruto de um país ao longo do tempo. A desinflação acontece quando a alta dos preços ao consumidor é menor em comparação com o período de alta anterior.

Estagflação

A estagflação é a combinação de estagnação e inflação. É o momento em que a inflação existe e o crescimento econômico fica estagnado. Como isso é possível? Se não existe demanda suficiente para fazer a economia crescer, por que os preços sobem?

Esse fenômeno aconteceu nos Estados Unidos, nos anos 70, quando o país abandonou o padrão ouro. O valor do dólar despencou quando deixou de ser atrelado ao ouro. Já os preços do ouro dispararam. Paul Volcker, diretor do Federal Reserve na época, acabou com a estagflação aplicando uma taxa de juros de dois dígitos e mantendo-a por tempo suficiente para desfazer as expectativas de mais inflação.

Inflação espiral

Inflação espiral é quando há aumento nominal nos salários, isto é, quando os trabalhadores passam a receber mais. É claro que todo mundo acha que merece um aumento, mas esse aumento é um fator para a inflação de custo e pode provocar reajustes nos preços que as empresas cobram por produtos e serviços.

Inflação estrutural

Inflação estrutural é quando as pressões inflacionárias na economia se devem sobretudo a forças do mercado, ou seja, variações de preço que refletem as condições de oferta e demanda na economia.

Este tipo de inflação eventualmente se agrava se não houver choque econômico, choque de oferta, grandes variações nos preços ou outros imprevistos.

Núcleos de indicadores

Núcleo da inflação

O núcleo da inflação mede as variações nos preços da cesta inteira, exceto alimentos e energia, pois os preços destes setores são extremamente variáveis por causa de seu caráter sazonal. Esse descarte faz do núcleo uma medida mais exata que a geral na determinação de tendências estruturais da inflação. É por esse motivo que, ao definir a política monetária, os bancos centrais preferem recorrer ao núcleo da inflação, que serve de indicador principal de tendências de inflação a longo prazo. Contudo, se os preços dos combustíveis seguem em alta por períodos mais longos, eles podem impactar o núcleo da inflação por meio da consequente alta nas projeções de preços.

Núcleo do CPI x núcleo do PCE

O núcleo da inflação é medido pelo núcleo do índice de preços ao consumidor (CPI) e também pelo núcleo do índice de despesas de consumo pessoal (PCE). O índice CPI mede os preços de bens e serviços voltados para o consumo domiciliar, ao passo que o índice PCE retrata os preços de bens e serviços adquiridos pelos consumidores em geral. A palavra “núcleo” significa “exceto alimentação e energia”. Os núcleos do CPI e do PCE são como irmãos: ambos ajudam a medir a inflação na economia.

Cálculo da inflação

Agora que navegamos todas as definições de inflação, vejamos como medi-la e como analisá-la.

Como medir a inflação

A inflação é medida por uma taxa de variação percentual nos preços de um ano para o outro. A taxa de inflação pode ser medida de diferentes formas:

  1. O índice de preços ao consumidor (CPI) mede o custo total dos bens e serviços adquiridos pelos consumidores em determinado período, tendo como referência uma cesta de itens definida a partir de pesquisas feitas junto às famílias. Aumentos nos preços dos itens dessa cesta indicam inflação. A cesta inclui grupos diversos, como alimentos e bebidas, cuidados médicos, transporte etc.
  2. O índice de preços ao produtor (PPI) mede a inflação aos produtores. O PPI afere os preços médios que os produtores recebem por bens e serviços produzidos dentro do próprio país. Seu cálculo é a divisão dos preços atualmente recebidos pelos vendedores, conforme a cesta de referência, pelos preços dessa cesta em um determinado ano-base. O resultado é então multiplicado por 100.
  3. O terceiro índice é o índice de despesas de consumo pessoal (PCE). O índice PCE mede as variações nos preços de bens e serviços voltados ao consumo doméstico, tendo como base os dados do PIB dos produtores. É menos específico que o índice CPI porque, embora suas estimativas de preço tomem por base aquelas usadas no CPI, o PCE inclui estimativas de outras fontes. Assim como nos outros dois índices, aumentos de um ano para outro sinalizam inflação.

Por que os traders devem ficar atentos à inflação

A publicação do índice CPI (que você pode consultar no Calendário Econômico) é muito popular entre os traders porque existe um vínculo direto entre inflação, bancos centrais e câmbio. A maioria dos países desenvolvidos busca manter a inflação na casa dos 2%.

Quando a inflação fica alta, o banco central aumenta os juros. Consequentemente, a demanda pela moeda do país em questão aumenta, já que juros maiores atraem investidores estrangeiros. Isso provoca a valorização dessa moeda. O contrário é válido: quando a inflação fica baixa demais, o banco central pode reduzir os juros, desfazendo a demanda pela moeda nacional e provocando uma queda em sua taxa de câmbio.

Isso influencia todas as moedas — principalmente o USD — porque, atualmente, os EUA estão encarando uma inflação de 7,5%.

Vejamos o exemplo:

No dia 10 de novembro de 2021, a Agência de Estatística do Trabalho dos EUA publicou o índice CPI a 0,9%; um dos maiores patamares observados ao longo do ano. O USD ganhou força contra outras moedas depois da publicação. O USD/CAD, por exemplo, teve alta de 2.060 pontos:

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Quando a inflação cai, os traders apostam que o Federal Reserve vai ajudar a estimular os preços de ações e títulos. Analogamente, quando a inflação sobe, os traders passam a acreditar que ativos primários, como commodities, vão valorizar com a guinada contracionista do Fed.

Os traders estão sempre avaliando se o índice CPI publicado é mais forte ou fraco do que o esperado. O elemento suspense gera uma oportunidade perfeita de operar, pois em qualquer caso o resultado vai provocar volatilidade, oferecendo inúmeras possibilidades para as diversas estratégias de negociação.

Resumindo: nem toda inflação é motivo para pânico. Aliás, as variações dos índices CPI, PPI e PCE são oportunidades interessantes para operar com a dinâmica do mercado.

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